Carta Patrimónios #5

Este número da Carta Patrimónios surge dois anos depois do primeiro e, assim, do início formal das atividades da Cátedra.
Mas, como então se fez notar, o projeto contava com antecedentes relevantes desenvolvidos no âmbito do curso de doutoramento homónimo. Foi o caso das Oficinas de Muhipiti: planeamento estratégico, património, desenvolvimento, que decorreram em Julho-Agosto de 2017 em Muhipiti, ou melhor, na Ilha de Moçambique, de que resultou a publicação do livro homónimo no ano seguinte.

Essa ação deu vários frutos. Um deles foi o projeto de doutoramento, em curso, de um dos seus coordenadores, Isequiel Alcolete, e outro um conjunto de teses no âmbito do Mestrado em Património e Desenvolvimento, que a Universidade Lúrio, parceira da Patrimónios, criou com o seu apoio. Assim se fez necessário o conhecimento do edificado da Ilha de Moçambique nas suas mais diversas expressões, das soluções tecnológicas e dos desafios da sua reabilitação, conciliando a melhoria do conforto e segurança com preocupações de sustentabilidade ambiental e de preservação e valorização das pré-existências.
Para a sua concretização são fundamentais o envolvimento e capacitação da comunidade, a integração e valorização do conhecimento local numa abordagem metódica e científica, e a produção de informação sólida, abrangente e confiável. Pese embora a produção anterior de alguns levantamentos, nenhum se deteve nestas escalas e apresentou este nível de sistematização. Com vista à sua produção, a Patrimónios vai regressar para a realização, nos dias 27 a 29 de janeiro, das 2as Oficinas de Muhipiti: à redescoberta do edificado da Ilha de Moçambique. Desta vez os trabalhos serão realizados por residentes e envolvendo diversas instituições de ensino locais.
Essa ação confirma a aposta, anunciada na carta anterior, da Patrimónios na cooperação para o desenvolvimento, em linha com as agendas internacionais, desde logo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. A pequena alteração curricular feita nesse sentido para a 5a edição do curso de doutoramento, produziu resultados muito positivos, o que nos animou para a produção de uma reestruturação mais profunda, que também proporcionará uma melhor articulação com a oferta formativa da UC: além da área de Arquitetura e Urbanismo, as de Geografia, Território e Paisagem; História; História da Arte; e Construção, Tecnologia e Reabilitação. Aguardamos apenas a aprovação pela última instância, a A3Es, para lançar a 6a edição do curso, já nessa nova versão.
Também com essa orientação estratégica, a Patrimónios assumiu recentemente responsabilidades de consultoria, de que será bom exemplo a produção de Estudos de Impacto Patrimonial [HIA] de intervenções feitas em bens inscritos na Lista do Património Mundial da UNESCO. É algo que, de certa forma, se alinha com o papel que tem vindo a desempenhar no seio do Grupo de Trabalho para o Património Mundial criado em 2019 pela Comissão Nacional da UNESCO.
A próxima Carta surgirá em abril, pois teremos de dar conta de outras ações, incluindo uma de cooperação protagonizada por um outro projeto de doutoramento em curso, que revelam o crescimento sustentado da Patrimónios, respondendo a vários desafios com tenacidade e criatividade, em razão do dedicado envolvimento da sua extensa equipa de investigadores e doutorandos.

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