Oficinas de Muhipiti | pré-evento

Data: 19 a 29 de julho de 2017

Local: Ilha de Moçambique

O evento Oficinas de Muhipiti: planeamento estratégico, património, desenvolvimento, é uma cooperação entre as universidades Lúrio e de Coimbra.

Esta ação tem origem num desafio lançado em agosto de 2016 pelo Reitor da Universidade de Lúrio, Francisco Noa, aos coordenadores do projeto e curso de doutoramento Patrimónios de Influência Portuguesa [PIP] do Instituto de Investigação Interdisciplinar e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra [UC]: Discutir e encontrar formas de otimizar o impacto da instalação de um polo da Universidade de Lúrio na Ilha de Moçambique (designada em macua por Muhipiti) e estabelecer laços de cooperação com a Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico [FAPF] nas áreas do planeamento e do património.
Os contactos entretanto desenvolvidos conduziram à definição de um quadro de cooperação do qual aqui se dá conta da realização de um evento que, com um escopo simultaneamente académico e prospetivo, produzirá uma reflexão sobre aquela opção estratégica da Universidade de Lúrio em prol do estabelecimento de condições para um modelo de desenvolvimento que permita a salvaguarda integrada e sustentável dos diversos patrimónios da Ilha, que em 1991 conduziram à sua inscrição na Lista do Património Mundial da UNESCO, mas também, e essencialmente, uma melhoria das condições de vida da sua população.
A equipa base tem a coordenação geral de Isequiel Alcolete (FAPF) e Walter Rossa (PIP e DARQ) e executiva de Cristóvão Tomás (FAPF) e Nuno Simão Gonçalves (PIP). A equipa executiva da FAPFUL é constituída por Milton Novela e Catarina Caetano nas relações públicas, e Catarina Caetano e Marta Paixão na logística. Na UC a execução está a cargo de Nuno Miguel Lopes.
A ação decorrerá na Casa Girassol e terá como base o funcionamento, em regime intensivo, de 6 oficinas cujos grupos de trabalho serão constituídos por estudantes dos cursos de arquitetura das universidades de Lúrio e Coimbra, orientadas por professores também de ambas as universidades. Além de diversos pontos de situação intermédios abertos à participação pública, terão lugar diversas iniciativas culturais. Os resultados serão apresentados numa exposição a inaugurar no final, que depois de melhor formalizada será levada a, pelo menos, Maputo, Lisboa e Coimbra. Está também previsto o seu registo detalhado numa publicação a lançar ainda em 2017.
Os materiais (levantamentos, fotografias, cartografia antiga, livros, etc.) que estão a ser reunidos em suporte digital como bases de trabalho para o evento serão posteriormente disponibilizados ao público em linha pelo CEDIM, tal como as maquetas da Ilha à escala 1:1.000 (1,20m x 3,6m) e da fortaleza à escala 1:200 (1,50m x 1,20m) ficarão como itens de exposição no Centro de Interpretação de Muhipiti, que será o resultado mais imediato destas oficinas.
Os temas das 6 oficinas são: Estratégias para o desenvolvimento sustentado da Ilha, Espaço Público, Plano Diretor da Refuncionalização da Fortaleza, Plano para Centro Comunitário na faixa central da Ilha, Casas de Macuti e Centro de Interpretação de Muhipiti. A escolha dos temas fica a dever-se ao desejo de procurar lançar um debate permanente sobre um conjunto de ações que, de forma integrada, visem a definição e desenvolvimento dinâmicos de um modelo de desenvolvimento sustentável para a Ilha de Moçambique, tirando partido do impulso constituído pela instalação do novo polo da UniLúrio.

 

programa (em desenvolvimento):

 

dia 19, 4ª feira

  • 12:00 – Concentração, receção e entrega de documentação na FAPFUL (Campus de Marrere)
  • Transporte e instalação na Ilha de Moçambique

dia 20, 5ª feira

  • 07.30h – Visita pelos membros de cada Oficina ao respetivo(s) local(is) de intervenção
  • 09.00h – Concentração no Salão Nobre do Conselho Municipal e chegada dos convidados
  • 09.30h – Chegada do Magnífico Reitor e da sua comitiva receção pelo grupo cultural de tufo da Ilha de Moçambique entoação do Hino Nacional (Tuna Académica da FCSH)
  • 09.50h – Apresentação do programa pela Mestre de Cerimónias Isaura Máquina — Intervenção do Exm.º Senhor Isequiel Alcolete, Director da Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico — Intervenção do Exm.º Senhor João Salavessa, Director da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas — Intervenção Exm.º Senhor Walter Rossa, coordenador do projecto Patrimónios de Influência Portuguesa da Universidade de Coimbra — Intervenção Exm.º Senhor Francisco Noa, Magnífico Reitor da Universidade Lúrio — Intervenção Exm.º Senhor Saide Gimba, Presidente do Conselho Municipal da Ilha de Moçambique — Intervenção Exm.º Senhor Luciano Augusto, Administrador da Ilha de Moçambique
  • 11.00h – Palestras de apresentação de Trabalhos de Culminação do Curso de Licenciatura:
    — Plano de Pormenor, pelo Arq.º Moisés da Costa;
    — Mercado do Peixe, pelo Arq.º Miguel Ferreira
  • 12.00h – Actuação do grupo cultural
  • 14.00h – Sessão de lançamento das Oficinas pelos Coordenadores – Casa Girassol
  • 18.00h – Plano de Gestão, palestras apresentadas pela Prof.ª Doutora Solange Macamo e pelo Arq.º Jens Hougaard, moderação de Mauricio Régulo, professor da FCSH.

dia 21, 6ª feira

  • Trabalho em Oficina
  • 17.30h – Ponto de situação
  • 20.30h – Declamação de Poema pelo Arq.º António de Amurane

dia 22, sábado

  • Trabalho em Oficina
  • 18.00h – Contexto territorial e ambiente, palestra apresentada pelo Prof. Doutor Carlos Serra, com moderação de Vicente Daúce, professor da FCSH.
  • 20.30h – Projeção de filme

dia 23, domingo

  • Trabalho em Oficina
  • 17.30h – Ponto de situação aberto à participação pública

dia 24, 2ª feira

  • Trabalho em Oficina
  • 18.00h – Contexto sociológico, palestra moderada por Camilo Cuna, professor da FCSH.

dia 25, 3ª feira

  • Trabalho em Oficina
  • 18.00h – Território e Património, palestra apresentada pelo Prof. Doutor Júlio Carrilho (FAPF-UEM), com moderação de Timóteo Giel, professor da FCSH.
  • 20.30h – Oficina de dança tradicional pelos estudantes da UniLúrio

dia 26, 4ª feira

  • Trabalho em Oficina
  • 17.30h – Ponto de situação aberto à participação pública
  • 20.30h – Oficina de teatro pelos estudantes da UniLúrio

dia 27, 5ª feira

  • Trabalho em Oficina

dia 28, 6ª feira

  • Finalização dos trabalhos e montagem da exposição
  • 17.00h – Sessão de encerramento:
    — Intervenção do Exm.º Senhor Isequiel Alcolete, Director da Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico;
    — Intervenção Exm.º Senhor Walter Rossa, coordenador do projecto Patrimónios de Influência Portuguesa da Universidade de Coimbra;
    — Intervenção Exm.º Senhor Francisco Noa, Magnífico Reitor da Universidade Lúrio;
    — Intervenção Exm.º Senhor Saide Gimba, Presidente do Conselho Municipal da Ilha de Moçambique;
    — Intervenção Exm.º Senhor Luciano Zacarias, Administrador da Ilha de Moçambique
  • 18.00h – Abertura da exposição e cocktail

 

 

organização

Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico da Universidade Lúrio

Centro de Estudos e Documentação da Ilha de Moçambique

Projeto e Doutoramento Patrimónios de Influência Portuguesa do Instituto de Investigação Interdisciplinar e Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra

Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

parceiros

Fundação Calouste Gulbenkian

Camões, Instituto da Cooperação e da Língua

UCCLA, União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa

 

DESCRIÇÃO TEMÁTICA DAS 6 OFICINAS

Estratégias para o desenvolvimento sustentado da Ilha
Esta oficina tem como missão proceder a uma avaliação (i.e. através de uma análise SWOT) das dinâmicas no espaço de relação territorial da Ilha, de forma a definir enquadramentos e ações estratégicas, para que a oportunidade constituída pela instalação em curso do polo de ciências sociais e humanas da Universidade Lúrio seja potenciada para a definição e instalação da, há muito almejada, definição e implementação de um modelo de desenvolvimento que promova o seu desenvolvimento sustentado. É necessário conhecer as dinâmicas económicas locais existentes, como a pesca e o turismo, as caraterísticas, pendularidade e tendências demográficas e da população residente, os rácios e caraterísticas de visitantes, a localização ou deslocação de serviços e polos de atividade económica, etc.
Define-se como resultados mínimos a atingir a definição sintética de um conjunto de ações (equipamentos, infraestruturas, serviços, etc.) e a sua priorização, devendo a indicação dos agentes e potenciais formas de financiamento para cada uma delas funcionar como teste preliminar à sua viabilidade. Dessa forma os decisores locais poderão dispor desse quadro de referência para a definição das suas políticas.

Espaço Público
Pretende-se que a partir de uma avaliação e tipificação de situações dos espaços públicos de toda a Ilha, esta oficina produza um quadro de intervenção que, em alguns casos considerados tipo e estratégicos, atinja um nível de desenvolvimento ao nível do Estudo Prévio com apontamentos de Projeto de Execução. É fundamental que nessa avaliação prévia sejam identificados os usos existentes e potenciais dos espaços existentes, no que não são de forma alguma descartáveis as questões de ordem simbólica e de representação.
Chama-se a atenção para a necessidade de levar em linha de conta: custos das soluções, fácil acesso aos materiais e à mão de obra especializada necessária, durabilidade face aos requisitos locais, tipificação de soluções por forma a reduzir custos e dificuldades de gestão de estaleiro e armazém de reparações e reposições, impacto estético num bem com a distinção patrimonial detida pela Ilha, otimização e reutilização de materiais e/ou soluções existentes, em suma, um apelo ao bom senso em que a excelência do desenho deve resultar da aplicabilidade e não do efeito em projeto.
Seria louvável que um dos resultados do trabalho desta oficina fosse um manual prática para a qualificação do espaço público da Ilha, à imagem de muitas que se conhecem pelo mundo fora, razão pelo qual a equipa se deverá previamente munir de alguns exemplos.

Plano Diretor da Refuncionalização da Fortaleza
A Fortaleza de São Sebastião da Ilha de Moçambique foi entregue à Universidade Lúrio para instalação da sua Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, o que constituiu o ponto de partida para a produção deste evento. A fortaleza é, provavelmente, o conjunto edificado com maior simbolismo da Ilha e tem sido objeto de diversas ações de restauro e/ou reabilitação que, perante a falta de função, rapidamente entram em processo de degradação. A instalação da faculdade pode ser a solução ou mais um problema, tudo dependendo do conceito que vier a ser adotado na sua refuncionalização.
Na conceção deste evento partiu-se do pressuposto que o conceito da instalação daquela faculdade na fortaleza deverá servir para fomentar a instalação e desenvolvimento de um conjunto de empresas de construção locais, que assim se especializem em trabalhos realizados em contexto patrimonial de grande relevância e possam desenvolver a sua atividade não só na construção e manutenção deste conjunto, mas no muito que há para fazer em toda a Ilha. Para tal é crucial que o Plano Diretor que venha a ser adotado privilegie intervenções faseadas e de pequena e/ou média dimensão, e dê indicações muito concretas sobre tudo de forma a que o resultado das diversas intervenções, muito
provavelmente desfasadas no tempo, resulte harmonioso.
Importa ter presente, recolher a informação e dinamizar a interação requeridas pelo facto de estar previsto que outros organismos, que não apenas a universidade, também se instalem na fortaleza e, claro, que se trata de um conjunto com grande atratividade para turistas e locais.

Plano p/ Centro Comunitário na faixa central da Ilha
A faixa situada sensivelmente no centro da Ilha, definida no sentido norte sul pela extensão do edifício do hospital e compreendida no sentido este-oeste entre ambas as costas marca a articulação entre a dita “cidade de pedra e cal” e o bairro de Macuti. É hoje um emaranhado de ruínas, espaços residuais e informalmente apropriados públicos e privados, edifícios desaproveitados de grande potencial (a começar pelo do Hospital), mas também um espaço de reunião e encontro da comunidade local, uma espécie de fórum que carece de clarificação de usos e espaços.
Pretende-se que esta oficina faça um levantamento circunstanciado de toda essa complexa realidade e proponha um ou mais cenários de reurbanização do conjunto e reabilitação das suas construções e espaços por forma a que esse caráter de centro cívico surja de forma clara.

Casas de Macuti
A par com a oficina do Plano Diretor de Refuncionalização da Fortaleza, esta tem sido oficina-tema usada como exemplo do que e o como pretendemos fazer, ou seja, do conceito que preside ao evento. Porquê? Porque reproduz a ideia de potenciar a instalação da universidade na Ilha como forma de criar efeitos económicos e sociais que de facto instalem um novo modelo de desenvolvimento que melhore as condições de vida dos residentes, proporcionem uma melhoria das condições de acolhimento dos universitários e visitantes e, ainda, promovam uma vaga de fundo de reabilitação do edificado dentro de lógicas de valorização e desenvolvimento integrado do património cultural, material e imaterial, da Ilha. A encomenda é muito simples: desenvolver um reduzido número de projetos-tipo para intervenção de reabilitação em algumas casas (de famílias que para isso se voluntarizem) do Bairro de Macuti, que com recursos mínimos melhorem significativamente a qualidade habitacional e dotem cada fogo de um lugar pago de alojamento de estudante universitário, gerando assim uma forma de rendimento adicional com impacto significativo na família. A intervenção tem de se pautar por um respeito extremo pelas caraterísticas construtivas e hábitos residenciais.
Impõe-se desde logo uma identificação prévia das famílias voluntárias pela equipa da FAPFUL por forma a que o trabalho da oficina possa começar por uma visita e levantamento das casas, bem como uma conversa com as famílias por forma a tomar conhecimento dos seus requisitos e expetativas, bem como a integrá-las no processo.

Centro de Interpretação de Muhipiti
Esta oficina tem duas tarefas: a) estruturar e produzir a matriz do que possa vir a ser, no curto e médio prazo os materiais disponibilizados no futuro Centro Interpretativo de Muhipiti/ Ilha de Moçambique; b) fazer o anteprojeto da respetiva instalação no espaço para tal designado pelo Sr. Presidente do Conselho Municipal, ou seja, o Posto de Turismo situado perto da entrada na Ilha pela ponte.
O objetivo é deixar no local elementos suficientemente detalhados para que a adaptação física do pequeno edifício possa ser iniciada a breve trecho sob orientação da equipa da Universidade Lúrio, e que a equipa da Universidade de Coimbra regresse com dados suficientes para num curto espaço de tempo poder proceder à produção gráfica dos elementos a expor e os envie para montagem.
Devem ainda ser produzidas indicações claras para o desenvolvimento deste centro, por exemplo: se não for viável no imediato integrar componentes multimédia, definir o que poderão ser; definir um conjunto prévio de materiais promocionais e de merchandising, bem como a produção ou republicação de álbuns (cartografia, fotografia antiga…), livros (antologias, relatos de viajantes…), etc. Importa registar que as duas maquetas da Ilha produzidas para o evento serão integradas no centro.

VER RELATÓRIO FINAL